Quartinho de arrumação

"Poema que fiz em atenção ao meu lado sertanejo. É a fotografia perfeita do depósito que tinhamos na fazenda. É um poema que apesar de longo é muito fácil e agradável de ler. 
Vale a pena apreciar."


Quartinho de arrumação

Lá do lado da casa da roça
Onde se guarda todas as tralha
Tem um quartinho com porta de madeira
Com uma janela de escora
E um cadeado pra evita ladrão

Onde se faz as arrumação
E já é quase outra casa
Se acha um pouquinho de tudo
Que se usa na lida
E quase nada lá faz falta

Uma carça veia rasgada
Umas meia veia jogada
Boné de algum candidato
Camisa furada de espinho
E um pé de sandaia havaiana

Tem galocha de borracha,
Tem bota de couro, percata
Sela vaqueira novinha
Gibão, jaleco e perneira
Chapéu de couro e peiteira

Umas dez taca e duas pirata
Uma selinha mineira
Bride, cabeção, cabeçada
Cabrestro de nó. professora
E um selim de correr vaquejada

Enxada, cavador, e xibanca
Machado e uma sacola amarrada
Facão, espora enferrujada
De junto da sela mofada
Na parede dispindurada

Um serrote sem dente
Um borná, um alforje
Um facão já veio e sem corte
Uma moeda da sorte
No fundo de outra sacola


Balde de tirá leite
Umas pele de bode
Uma capa de sela lascada
Uma sela desmanchada
Que o tempo foi cumeno

Tem arame farpado
Uns bolo nuns pau enrolado
Cabo pra botá em machado
Disimbolador, grampo,
Arame liso e martelo

Anzol, e vara de pesca
Uma lata de botá as isca
Gaiola de passarinho
Armadilha de caça tatu
E espingarda mata nambu

Tem sabugo de milho catado
Pelo chão tudo espalhado
Um ninho de rato escondido
E tem lá fora uma cobra  
Espiando na espreita

Uma galeota veia
Do pneu já furado
Uma caixa de parafuso
Chave de boca, chave de fenda
Alicate, e um pé de cabra

Tem uma corda de laço
E um banco de tira leite
De um tampo e uma perna só
Um canjirão amassado
Velinho de dá dó

Tampa de vaso, e os vaso
Garrafa de boca pra cima
De conhaque e de pinga
Tonel de cachaça vazio
Morcego dando assobio


Tem mata bicheira
Veneno, ivomec, seringa
Vrido velho de vacina
Um jogo de agulha e pistola
Se admira quem olha

Tem saco de alinhagem
Com semente de capim
Plantadeira, foice cortadeira
Tem tramela de cancela
E tem pau de porteira

Prego de aço, prego novo
Prego velho, prego torto
Uns gancho pelas parede
Pindurador de rede
Quebrado pelos canto

Cilha de sela solta
Ferradura já gasta
Ninho de largatixa
Pedra de amolá faca
E feijão nas garrafa de coca

Saco de milho pros pinto
Teia de aranha nos canto
Um grilinho sibilando
Semente de um pé de jambo
Na cagada de algum morcego

Umas vara descendo do teto
Prego nas parede apregado
Gancho por tudo que é lado
Arame nos pau amarrado
Pra tudo se pindurá

Laço na capa da sela
Pano de chão, franela
Vassoura de piaçava
Barredor de terreiro de palha
De um pé de licuri

Se tu espiá logo ali
Tem uma borracha veia
De pneu de bicicreta
Embaixo do sebo de carneiro
Pros trás daquelas cangalha

Corrente de amarrá cancela
Suvela de furá couro
Fivela de amarra cinto
Uns pau de fazé fogueira
E outros pra fazé lenha

Tauba de prateleira
Madeira de fazer ripa
Umas telha por cima da outra
Uns tijolo de adoube
E uma fechadura sem chave

Uns cadeado já solto
Um bezourinho já morto
Na teia daquela aranha
Álcool de faze fogo
Algodão e querozene

Estribo pelas parede
Pendurado, sem serventia
Uma janela sem vigia
E uma porta de saída
Que é merma de entrada

Tudo isso bem arrumado
Uns pelo chão, outros pindurado
Uns esquecido, uns escondido
Uns pela frente, uns pelos canto
Uns largado, uns perdido

Uns amocado embaixo
E uns pos riba dos outro
Uns por de trás da porta
Uns amarrado nela
Uma escora escorando a janela

E as aranha tomando conta
Tudo isso você encontra
Tudo isso bem organizado
Tudinho, muito bem arrumado
Naquele quartinho do lado

Bruno Sampaio

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Todo Mundo Explica - Raul Seixas

"Antes de ler o livro que o Guru lhe deu você tem que escrever o seu. Já dizia Raul Seixas"


Não me pergunte por que
Quem-Como-Onde-Qual-Quando-O Que?
Deus, Buda, O tudo, O nada, O ocaso, O cosmo
Como o cosmonauta busca o nado, o nada
Seja lá o que for, já é

Não me obrigue a comer
O seu escreveu não leu
Papai mordeu a cabeça
Do Dr. Sugismundo
Porque sem querer cantou de galo
Cada cabeça é um mundo Gismundo
Antes de ler o livro que o guru lhe deu
Você tem que escrever o seu

Chega um ponto que eu sinto que eu pressinto
Lá dentro, não do corpo, mas lá dentro-fora
No coração e no sol, no meu peito eu sinto
Na estrela, na testa, eu farejo em todo o universo
Que eu to vivo
Que eu to vivo
Que eu to vivo, vivo, vivo como uma rocha
E eu não pergunto
Porque já sei que a vida não é uma resposta
E se eu aconteço aqui se deve ao fato de eu
simplesmente ser
Se deve ao fato de eu simplesmente

Mas todo mundo explica
Explica, Freud, o padre explica, Krishnamurti tá
vendendo
A explicação na livraria, que lhe faz a prestação
Que tem Platão que explica, que explica tudo tão bem vai lá que
Todo mundo explica
protestante, o auto-falante, o zen-budismo,
Brahma, Skol
Capitalismo oculta um cofre de fá, fé, fi, finalismo
Hare Krishna, e dando a dica enquanto aquele
papagaio
Curupaca e implica
Com o carimbo positivo da ciência que aprova
e classifica

O que é que a ciência tem?
Tem lápis de calcular
Que é mais que a ciência tem?
Borracha pra depois apagar
Você já foi ao espelho, não?
nego?
Então vá!
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Eu Quero Mesmo - Raul Seixas

"Sempre cai bem lembrar esta frase: Por muito tempo eu sentia vergonha das coisas que eu sinto e disfarçando, escrevia difícil só pra complicar, mas quando a flor é uma flor e não tem outro jeito da gente dizer, pra que mentir !"

Eu quero mesmo é cantar yê-yê-yê!
Eu quero mesmo é gostar de você!
Eu quero mesmo é falar de amor!
Eu quero mesmo é sentir seu calor! Eu quero mesmo!

Por muito tempo eu sentia vergonha das coisas que eu sinto
E disfarçando, escrevia difícil só pra complicar
Quando a flor é uma flor e não tem outro jeito da gente dizer,
Pra que mentir, se eu sei, eu sei que...
Eu quero mesmo é cantar yê-yê-yê!
Eu quero mesmo é gostar de você!
Eu quero mesmo é falar de amor!
Eu quero mesmo é sentir seu calor! Eu quero mesmo 

Eu tinha medo de ver a beleza da simplicidade
Nunca falava "eu te amo" com medo de alguém me gozar
Eu gosto de "Besame Mucho" e eu gosto, e eu vou tirar você desse lugar
Pra que mentir? Quando eu sei que...
Eu quero mesmo é cantar yê-yê-yê!
Eu quero mesmo é gostar de você!
Eu quero mesmo é falar de amor!

Eu quero mesmo é sentir seu calor! Eu quero mesmo!
Eu quero mesmo é cantar yê-yê-yê!
Eu quero mesmo é gostar de você!
Eu quero mesmo é falar de amor!
Eu quero mesmo é sentir seu calor! Eu quero mesmo!
Eu quero mesmo é cantar yê-yê-yê!(oié)
Eu quero mesmo é gostar de você!(minha nega)
Eu quero mesmo é falar de amor!
Eu quero mesmo é rimar amor com dor!
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Vaqueiro Velho

"Minha intenção aqui é postar poemas, meus e de outros, mas existem algumas letras de música que são verdadeiras poesias. Convido-lhe a apreciar esta, que disserta sobre o passado do vaqueiro, personagem principal do nosso sertão bahiano. "

Vaqueiro velho
 
Vaqueiro velho do chapéu de couro
Da pele" tustada" do sol do verão
Arreios de prata espora de ouro
Amigos do gado e herói do sertão

Seu aboio triste conduz a boiada
Pela nova estrada do capueirau
No som do berrante no cheiro da rama
Traz a "bezerrama" e prende no curral

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Uma magia aconteceu

"Mais um poema da série Coisas de adolescente, simples, doce e apaixonado. Retrata um momento real, que se repetiu várias vezes. 
Boa leitura!"
Ela passou despercebida
Sem reparar que eu estava ali
Passou alegre e tão bonita
Tão cercada de amigas
Tão sem tempo para mim
Não percebeu que enquanto andava
De longe eu lhe olhava
E uma magia acontecia
O momento tão simplório
Se tornou quase infinito
Por um instante, um segundo
Eu quis parar o mundo
Só para admirar
Sem reação, fiquei quieto
Com os olhos bem abertos
Vendo ela passar
Pura mágica do destino
Não aguardava esse encontro
Tantos sons e tantos ritmos
Ritmavam seu caminhar
E palpitava no meu peito
Um coração que tão sem jeito
Insistia em acelerar
E eu quis ler os seus lábios
Saber de seus pensamentos
Acontece que no momento
Eu nem consegui pensar
Tão tomado de alegria
Só me restava sorrir
E ela seguiu tão linda
Tão cercada de amigas
Tão sem tempo para mim

Bruno Sampaio

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Na Rodoviária - Raul Seixas

"Mais uma música de Raul que eu adoro, e que é sempre bom ser relembrada !"

O oboé e a flauta soam
Assim como os sinos ecoam
Em ecos nobres procedentes do Oriente
Nada de novo no front
Treze vezes
Anteontem
Ah, meu Deus
O invento da vela

Cinderela e Aladim
Abracadabra e Abra Melim
Abre-te Sésamo, James Dean
Noves fora zero - Nada
Al Capone Bruce Lee
Você pode também estar aqui
Na lista telefônica
Assim como a vela

A vela é de cera
E a cera pega fogo

E o fogo lá da vela
é o eterno curinga do jogo

O pa-pa-Papai Noel
é um presépio de papel
Confunde a quem não puder se defender
é 35 de aluguel, foi aljures mausoléu
Violeta Parra e Nero iluminaram Roma
Assim como a vela
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Entardecer


"Mais um poema nostálgico do meu primeiro livro. Que reúne meus sonhos, minhas vontades, meus medos, pensamentos, aflições, Sentimentos e Ilusões."

Entardecer

Daquela janela o mar era tão bonito
E era tudo mais bonito ao entardecer
As nuvens mudavam de cor
E eu pensava como seria o futuro
Como vai ser quando eu crescer

Mas o sol já se pôs
As nuvens foram embora
O futuro chegou
E eu não vi nada de novo acontecer
Mas da janela do meu quarto eu também
vejo o mar
E já que a vida é esperar
Espero um novo entardecer

Bruno Sampaio

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O Homem - Raul Seixas

"Mais um clássico!!!"

-"No momento em que eu ia partir
Eu resolvi voltar"

Vou voltar!
Sei que não c hegou a hora
De se ir embora
É melhor ficar...

Vou ficar!
Sei que tem gente cantando
Tem gente esperando
A hora de chegar...

Vou chegar!
Chego com as águas turvas
Eu fiz tantas curvas
Prá poder cantar...

Esse meu canto
Que não presta
Que tanta gente
Então detesta
Mas isso é tudo
O que me resta
Nessa festa!
Nessa festa!...

Eu!
Vou ferver!
Como que um vulcão em chamas
Como a tua cama
Que me faz tremer...

Vou tremer!
Como um chão de terremotos
Como amor remoto
Que eu não sei viver...

Vou viver!
Vou poder contar meus filhos
Caminhar nos trilhos
Isso é prá valer...

Pois se uma estrela
Há de brilhar
Outra então tem que se apagar
Quero estar vivo para ver
Oh!
O sol nascer!
O sol nascer!
O sol nascer!...

Eu!
Vou subir!
Pelo elevador dos fundos
Que carrega o mundo
Sem sequer sentir...

Vou sentir!
Que a minha dor no peito
Que eu escondi direito
Agora vai surgir...

Vou surgir!
Numa tempestade doida
Prá varrer as ruas
Em que eu vou seguir

Oh!
Em que eu vou seguir!
Em que eu vou seguir!...
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