Alvorada. Olhando a vida,
A alma desperta risonha;
Foge a treva espavorida,
Recende a manhã florida:
- Sonha!
Nasce o sol. No oriente a esfera
De jalde e rubro se inflama;
Flor em botão. Primavera,
- Ama!
Ecoando por vale e monte,
Da vida o rumor se escuta;
Estende o braço, ergue a fronte!
Que a luta não te amedronte!
- Luta!
Sol a pino. A luz castiga
A tez, de tão forte e tanta;
Procura uma alfombra amiga
E, a repousar da fadiga,
- Canta!
Declina o dia. Aproveita
A mocidade radiosa;
Come os frutos da colheita
E, enquanto o sol não se deita,
- Goza!
Tarde. O céu já se decora
Com o véu violáceo do poente.
Recorda o fulgor da aurora;
Da saudade o espinho agora
- Sente!
Riso, pranto, amor, desgosto,
Recolhe-os, da alma no cofre!
Não tarda ser o sol - posto;
Há uma lágrima em teu rosto;
- Sofre!
É noite fechada. A lousa
De um negro silêncio pesa
Sobre a terra que repousa...
Na cruz os teus olhos pousa:
- Reza!
Coragem se a rocha é bruta!
Não temas o íngreme aclive!
De alma forte, resoluta,
Ama, sofre, goza, luta,
- Vive!
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