Jura - Antero de Quental

Jura

Pelas rugas da fronte que medita...
Pelo olhar que interroga — e não vê nada...
Pela miseria e pela mão gelada
Que apaga a estrela que nossa alma fita...

Pelo estertor da chama que crepita
No ultimo arranco d'uma luz minguada...
Pelo grito feroz da abandonada
Que um momento de amante fez maldita...

Por quanto ha de fatal, que quanto ha mixto
De sombra e de pavor sob uma lousa...
Oh pomba meiga, pomba de esperança!

Eu t'o juro, menina, tenho visto
Cousas terriveis — mas jamais vi cousa
Mais feroz do que um riso de criança!

Antero de Quental
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Fazendo o Que o Diabo Gosta - Raul Seixas

O objetivo desta postagem é, além de dar dica de uma boa música para quem está em casa no sábado à noite, relembrar o grande Raul Seixas e suscitar alguma reflexão sobre seus pensamentos!


"Casamos num motel
Bem longe do altar
Lua de mercúrio, fogo e mel
Não fui o seu primeiro
Você já tinha estrada
Dois filhos, um travesseiro e a empregada
Um anjo embriagado num disco voador
Jurou que o nosso amor era pecado
Mas a história mostra
Que a gente agrada a deus
Fazendo o que o diabo gosta
Casamos por tesão, tesão, tesão, tesão
Bateu o terror não tem mais solução
Te entrego os meus medos, meus erros, meus segredos,
Divido minhas guimbas com você
Um anjo embriagado num disco voador
Jurou que o nosso amor era pecado
Mas a história mostra
Que a gente agrada a deus
Fazendo o que o diabo gosta
Quebramos nossas caras
Pra se lamber depois
Amor é ódio, é o certo pra nós dois
Casamos num motel
Bem longe do altar
Lua de mercúrio, fogo e mel
Fogo e mel"



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Sonho Oriental - Antero de Quental

Sonho oriental

Sonho-me ás vezes rei, n'alguma ilha,
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsamica e fulgente
E a lua cheia sobre as aguas brilha...

O aroma da magnolia e da baunilha
Paira no ar diaphano e dormente...
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha...

E emquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto n'um scismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,

Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descanças debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.



Antero de Quental

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Pequenina - Antero de Quental

Pequenina

Eu bem sei que te chamam pequenina
E tenue como o véo solto na dança,
Que és no juizo apenas a criança,
Pouco mais, nos vestidos, que a menina...

Que és o regato de agua mansa e fina,
A folhinha do til que se balança,
O peito que em correndo logo cança,
A fronte que ao soffrer logo se inclina...

Mas, filha, lá nos montes onde andei,
Tanto me enchi de angustia e de receio
Ouvindo do infinito os fundos ecchos,

Que não quero imperar nem já ser rei
Senão tendo meus reinos em teu seio
E subditos, criança, em teus bonecos!

Antero de Quental

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Evolução - Antero de Quental

"Antero de Quental, ótimo poeta e perfeito em seus sonetos. Grande autor que não se deve esquecer."



Evolução


Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo
tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...

Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
O, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paúl, glauco pascigo...

Hoje sou homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, da imensidade...

Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade. 

Antero de Quental
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"Um poema em repente, do meu amigo Marcio Anunciação, que não cansa de nos surpreender
na arte de poetizar. Espero que gostem, Boa leitura !"


Repente

Meu verso corre rasteiro
Feito cobra venenosa,
A palavra sai ligeiro 
Seja em verso ou em prosa
O meu verso rasga tudo
Feito espinho de favela.
Meu verso corre mundo,
Derruba cerca e cancela.

Meu verso é faceiro
Feito menina brejeira.
E quanto mais ligeiro
É sagaz feito vendilhão de feira.

Meu verso escorre do peito
Muitas vezes magoado,
Mas não tem jeito...
Apesar de tudo isso o meu verso é arretado.

Fico por aqui, me entrego ao cansaço
Feito menina nova depois de perder o cabaço,
Embriagado de sono assino os versos como dono
E deixo a vocês o meu abraço.

Márcio Anunciação

"Se você também escreve poemas e quer ver algum escrito seu publicado aqui, basta entrar em contato com a coordenação do blog e manisfestar seu interesse em participar do nosso projeto de parcerias. Ficaremos felizes em compartilhar este espaço com você!"
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Beto Ribeiro

"Levando adiante o projeto de parcerias, é com muito prazer que os convido a ler este poema do meu amigo Beto Ribeiro. Aproveito e os convido a visitar também o seu blog: http://ermitaodogiz.blogspot.com/ , onde vocês poderão ler poemas e textos sobre os mais variados assuntos e conferir o seu grande potencial artístico. Boa leitura.."




Esperança...

Das coisas que não tive antes do sonho,
viraram em mim a grandeza da esperança,
de andar com sorriso largo, em constância
e corpo em carrossel... em berço... em criança...

Os verso que fiz em alegria dourada,
foram sempre pra te dizer que era mulher amada,
que constava a ausência de suas pétalas azuis,
e que estava em mim eterno prazer em olhares nus.

Um dia quem sabe... a solidão parta,
e reparta em mim a segurança que tive,
em trovar pra ti e provar que em mim vive,

sob os versos do meu cantar,
até as cordas de um simples dedilhar,
se deliciando em falta de afinações, e sobra de amar.

Beto Ribeiro





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