Pequenina
Eu bem sei que te chamam pequenina
E tenue como o véo solto na dança,
Que és no juizo apenas a criança,
Pouco mais, nos vestidos, que a menina...
Que és o regato de agua mansa e fina,
A folhinha do til que se balança,
O peito que em correndo logo cança,
A fronte que ao soffrer logo se inclina...
Mas, filha, lá nos montes onde andei,
Tanto me enchi de angustia e de receio
Ouvindo do infinito os fundos ecchos,
Que não quero imperar nem já ser rei
Senão tendo meus reinos em teu seio
E subditos, criança, em teus bonecos!
E tenue como o véo solto na dança,
Que és no juizo apenas a criança,
Pouco mais, nos vestidos, que a menina...
Que és o regato de agua mansa e fina,
A folhinha do til que se balança,
O peito que em correndo logo cança,
A fronte que ao soffrer logo se inclina...
Mas, filha, lá nos montes onde andei,
Tanto me enchi de angustia e de receio
Ouvindo do infinito os fundos ecchos,
Que não quero imperar nem já ser rei
Senão tendo meus reinos em teu seio
E subditos, criança, em teus bonecos!
Antero de Quental
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