Graças a vós Senhor, pela ventura
de poder isolar-me na Poesia.
Ter nela o alívio à provação mais dura,
e, no Sonho, o meu pão de cada dia.
Sentir albor de luar na noite escura;
achar descanso e paz na nostalgia,
E ver, até no pranto da amargura,
um consolo vizinho da alegria.
Graças a vós por este dom divino
que me defende do destino adverso,
tornando-me senhor do meu destino.
E se em mim próprio, ruge o mal perverso,
puro, alegre, feliz, o mal domino
e alo-me ao céu nas asas do meu verso.