Voz interior
Embebido n'um sonho doloroso,
Que atravessam phantasticos clarões,
Tropeçando n'um povo de visões,
Se agita meu pensar tumultuoso...
Com um bramir de mar tempestuoso
Que até aos céos arroja os seus cachões,
Atravez d'uma luz de exhalações,
Rodeia-me o Universo monstruoso...
Um ai sem termo, um tragico gemido
Echoa sem cessar ao meu ouvido,
Com horrivel, monotono vaivem...
Só no meu coração, que sondo e meço,
Não sei que voz, que eu mesmo desconheço,
Em segredo protesta e affirma o Bem!
Que atravessam phantasticos clarões,
Tropeçando n'um povo de visões,
Se agita meu pensar tumultuoso...
Com um bramir de mar tempestuoso
Que até aos céos arroja os seus cachões,
Atravez d'uma luz de exhalações,
Rodeia-me o Universo monstruoso...
Um ai sem termo, um tragico gemido
Echoa sem cessar ao meu ouvido,
Com horrivel, monotono vaivem...
Só no meu coração, que sondo e meço,
Não sei que voz, que eu mesmo desconheço,
Em segredo protesta e affirma o Bem!
Antero de Quental
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